Todos os domingos, de manhã, a nossa
rotina era: visitar a casa dos avós. Na verdade, a casa de meus avós era
situada no mesmo quintal que a nossa. Era uma casa de madeira, grande, com
aspecto antigo. Para nós, crianças, as manhãs de domingo eram especiais, porque
durante a semana nosso avô trabalhava na loja. Domingo era dia de cuidar do
quintal, carpir, cuidar da plantação de morangos, da plantação de milho e, mais
tarde, contar histórias para nós, as netas. Histórias de quando morava no Rio Grande
do Sul, histórias de quando serviu o exército, de quando conheceu nossa avó. Nós
gostávamos muito de ouvir essas histórias, que eram contadas com riqueza de
detalhes. Penso que foi assim que adquiri o gosto por contação de histórias.
Gosto de ouvir e de ler histórias. Gosto de contar também. Se serei uma exímia
contadora de histórias como meu avô? Não sei! Mas quero repassar, a meus
futuros filhos e netos, as histórias que aprendi. Histórias que ouvi nas manhãs
domingueiras, contadas pelo meu avô, na grande casa de madeira, ao lado de
minha irmã. Pedíamos: “ vô, conta a história do pãozinho?”, “conta a história
do soldado que chorou?”, “ conta a história do bolo?”; e ele contava. Contava
sempre que pedíamos. Hoje avós e netos não têm mais esse tipo de relacionamento.
O celular, o computador e a TV vieram
substituir o diálogo em família. Cabe a nós, adultos, reativar o diálogo.
Afinal, quem compra celular e coloca as crianças na frente da TV e do
computador somos nós, os adultos. Que voltem os diálogos e as histórias de
manhãs domingueiras.
(18/04/2014)
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