sábado, 21 de março de 2015

MANHÃS DOMINGUEIRAS:


           Todos os domingos, de manhã, a nossa rotina era: visitar a casa dos avós. Na verdade, a casa de meus avós era situada no mesmo quintal que a nossa. Era uma casa de madeira, grande, com aspecto antigo. Para nós, crianças, as manhãs de domingo eram especiais, porque durante a semana nosso avô trabalhava na loja. Domingo era dia de cuidar do quintal, carpir, cuidar da plantação de morangos, da plantação de milho e, mais tarde, contar histórias para nós, as netas. Histórias de quando morava no Rio Grande do Sul, histórias de quando serviu o exército, de quando conheceu nossa avó. Nós gostávamos muito de ouvir essas histórias, que eram contadas com riqueza de detalhes. Penso que foi assim que adquiri o gosto por contação de histórias. Gosto de ouvir e de ler histórias. Gosto de contar também. Se serei uma exímia contadora de histórias como meu avô? Não sei! Mas quero repassar, a meus futuros filhos e netos, as histórias que aprendi. Histórias que ouvi nas manhãs domingueiras, contadas pelo meu avô, na grande casa de madeira, ao lado de minha irmã. Pedíamos: “ vô, conta a história do pãozinho?”, “conta a história do soldado que chorou?”, “ conta a história do bolo?”; e ele contava. Contava sempre que pedíamos. Hoje avós e netos não têm mais esse tipo de relacionamento. O celular, o computador  e a TV vieram substituir o diálogo em família. Cabe a nós, adultos, reativar o diálogo. Afinal, quem compra celular e coloca as crianças na frente da TV e do computador somos nós, os adultos. Que voltem os diálogos e as histórias de manhãs domingueiras.

                                                                                                    (18/04/2014)






Nenhum comentário:

Postar um comentário